quinta-feira, 23 de outubro de 2014

L'amour.

Encontrei o meu amor,
Minha garota
O olhar sempre exalando cor
E o andar de raposa lôuca.


Às vezes o sol a espia da janela
E teme acordá-la por excitar-se,
Mas é a lua quem pinta seus sonhos de aquarela
E o vinho quem borra sua face assaz branquela.

Nossos cabelos juntos dissiparam
Trevas e sentimentos mesclados em frenesi,
Enquanto brincávamos de ser abismo, de ser imensidão;
Brasas sorriram em nossos olhares!

Adoro brincar na barriga de meu amor
Pressionar minha testa em suas costelas,
Pedir com os olhos de vira-lata alguma imagem de seus sonhos
Adoro sorrir mesmo quando estamos tristonhos.

Meu amor. Minha garota!
Quantas sinfonias harmônicas despertas em meus lábios
Quando pressiono tuas arterias cardeais 
Contra o meu peito...

Morada minha, meu ouvido é o teu leito
Em nossos abismos têm estrelas derretidas
Em nossos cílios tem penas cintilantes de corvos,
Tem licor de frutas no suor,
Tem vapor de garganta nos espirais do Ar,
Tem textura de plano astral na saliva,
Tem estradas escuras no movimento de nossos corpos,
Tem tempo demais pra viver, meu amor...

Tu és como manequin de porcelana e mármore esculpido por Rodin
Esquecida em meio ao atlantico, flutuando sem sonhar;
O frio te apertando as vísceras
E as estrelas te guiando os olhos ao luar.

Lhe amo tanto que não consigo
Dedicar-te algo que não saiu senão 
Do manto róseo de minha plenitude mental.
Tu, donzela fresca como pétala cortada pelo vapor da antemanhã,
Danças reluzente entre as esqueléticas teias do Imortal!



Encontrei o meu amor,
Minha garota,
Com o olhar sempre exalando cor
e o velho andar de raposa lôuca.





luarocco.

Devaneios Senti-Mentais.

Como pude eu um dia
Esquecido no mar da miséria
Chorar pelo impossível?

Que culpa tive eu em ocupar-me
Com a lua enquanto nadava
Cego na lama?

O amor infinito me tocou
E no terrível toque contaminou
Meu peito de infinitas mágoas.

Me vi condenado à amar a lua
Então por ela derramei
As mais sofridas lágrimas.

Implorei misericórdia 
Um despacto com o mundo mundano.
Desejei, confuso e mudo
Ouvir de novo um certo balbuciar;

Uma cor de silêncio que um dia cegou meu paladar!

Quis ver a morte
Vestida de verde trazendo diabos azuis para culpar
A minha carne dos sacrilégios da alma,
E anjos róseo-fluorescentes com espadas de cristal
Defendendo meu Espírito da contaminação profana.

Quis buscar as multifaces da vida
O fragil, implorei ser frágil e medonho;
Interpretei velhos sonhos esquecidos
Fiz amor com a verdade equivocada,

Fiz sarau poético do magnífico grotesco
As terras etéreas saciaram meu tesão,
Desejei ter os vasos sanguíneos entupidos de flores;
Acariciei a barriga de corvos famintos,
A imprudência foi meu oráculo!

Necessitei matar a fome com utopias
Saciar a sede com quimeras
Desprender-me da transfiguração ilusória da realidade.
Precisei tremer os nervos em vertigens coloridas.

"São impulsos animalescos devo recalcá-los".

No momento preciso de um cigarro
Ave maria, que frio apavorado...
Que gosto desgostado;
Sem nem sequer ser degustado,

Agora uma ígnea febre 
Repousa do meu lado,
Stou assustado,
Senti brasas formarem uma auréola que envolve meus cabelos.

E a loucura me abriu o triste riso do Idiota.

Mas digas...
Que culpa eu tenho
De não sentir senão desdenho
À tudo que me é imposto?

Não me importa
Se estou projectando um desenho
De um esplêndido inferno asqueroso,

O amor infinito me enlaçou
E junto dobrou-me em infinitas mágoas,
Fui condenado à amar a vida.

Por isso, todos os dias
Ao acordar, despejo...
Um oceano límpido de lágrimas
Sobre um rosto infindo de desejos....





Laroqui.