Como pude eu um dia
Esquecido no mar da miséria
Chorar pelo impossível?
Que culpa tive eu em ocupar-me
Com a lua enquanto nadava
Cego na lama?
O amor infinito me tocou
E no terrível toque contaminou
Meu peito de infinitas mágoas.
Me vi condenado à amar a lua
Então por ela derramei
As mais sofridas lágrimas.
Implorei misericórdia
Um despacto com o mundo mundano.
Desejei, confuso e mudo
Ouvir de novo um certo balbuciar;
Uma cor de silêncio que um dia cegou meu paladar!
Quis ver a morte
Vestida de verde trazendo diabos azuis para culpar
A minha carne dos sacrilégios da alma,
E anjos róseo-fluorescentes com espadas de cristal
Defendendo meu Espírito da contaminação profana.
Quis buscar as multifaces da vida
O fragil, implorei ser frágil e medonho;
Interpretei velhos sonhos esquecidos
Fiz amor com a verdade equivocada,
Fiz sarau poético do magnífico grotesco
As terras etéreas saciaram meu tesão,
Desejei ter os vasos sanguíneos entupidos de flores;
Acariciei a barriga de corvos famintos,
A imprudência foi meu oráculo!
Necessitei matar a fome com utopias
Saciar a sede com quimeras
Desprender-me da transfiguração ilusória da realidade.
Precisei tremer os nervos em vertigens coloridas.
"São impulsos animalescos devo recalcá-los".
No momento preciso de um cigarro
Ave maria, que frio apavorado...
Que gosto desgostado;
Sem nem sequer ser degustado,
Agora uma ígnea febre
Repousa do meu lado,
Stou assustado,
Senti brasas formarem uma auréola que envolve meus cabelos.
E a loucura me abriu o triste riso do Idiota.
Mas digas...
Que culpa eu tenho
De não sentir senão desdenho
À tudo que me é imposto?
Não me importa
Se estou projectando um desenho
De um esplêndido inferno asqueroso,
O amor infinito me enlaçou
E junto dobrou-me em infinitas mágoas,
Fui condenado à amar a vida.
Por isso, todos os dias
Ao acordar, despejo...
Um oceano límpido de lágrimas
Sobre um rosto infindo de desejos....
Laroqui.
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